Robert Nesta Marley, vulgo Bob Marley, foi um dos maiores artistas do século passado. Precisamente no dia 11 de maio de 2011, o mundo relembra e celebra os 30 anos da morte do pai do reggae, um músico sem precedentes que elevou os valores morais das minorias no campo artístico. A Jamaica passava por tristes mudanças históricas com a interferência do imperialismo norte-americano após sua independência. Bob foi um dos responsáveis por fazer valer a autoestima local, universalizando o reggae e dando margem para que o interesse mundial na riquíssima cultura jamaicana crescesse ainda mais.
Bob Marley nasceu em 6 de fevereiro de 1945 em Saint Ann, no interior da Jamaica. Filho de Norval Sinclair Marley, um militar branco, capitão do exército inglês; e Cedella Booker, uma adolescente negra vinda do norte do país. Cedella e Norval casaram em 9 de julho de 1944. No dia seguinte ao casamento, Norval abandonou-a, porém continuou dando apoio financeiro. Raramente os via, pois estava constantemente viajando. Após a morte de Norval em 1955, Marley e sua mãe se mudaram para Trenchtown, uma favela de Kingston, onde o garoto era provocado pelos negros locais por ser mulato e ter baixa estatura. Bob teve uma juventude muito difícil, e isso o ajudou a ter personalidade e um ponto de vista bastante crítico sobre os problemas sociais.
Marley começou suas experiências musicais com o ritmo ska e passou aos poucos para o reggaeenquanto o estilo se desenvolvia. Marley é talvez mais conhecido pelo seu trabalho com o grupo dereggae The Wailers, que incluía outros dois célebres músicos, Bunny Wailer e Peter Tosh. No começo da década de 1970 ele produziu o que é considerado por muitos o seu melhor trabalho, então ao lado de Lee “Scratch” Perry. Mais tarde a dupla se separaria por problemas com direitos autorais. Eles trabalhariam juntos novamente em Londres, e permaneceriam amigos até a morte de Marley. O trabalho de Bob Marley foi amplamente responsável pela aceitação cultural da músicareggae fora da Jamaica. Ele assinou com o selo Island Records, de Chris Blackwell, em 1971, na época uma gravadora bem influente e inovadora. Foi ali, com “No Woman, No Cry” em 1975, que ele ganhou fama internacional.
Bob Marley deixou a Jamaica no final de 1975 e foi para a Inglaterra, onde gravou os álbuns “Exodus” e “Kaya” e onde também foi preso pela posse de um cigarro de maconha. Ele lançou a música “Africa Unite” no álbum “Survival”, em 1979, e então foi convidado a tocar nas comemorações pela independência do Zimbabwe em 17 de abril de 1980.
Bob Marley era adepto da religião rastafári. Ele servia de fato como um missionário rasta (suas ações e músicas demonstram que isso talvez fosse intencional), fazendo com que a religião fosse conhecida internacionalmente. Marley era também um grande defensor da maconha, usada por ele no sentido da comunhão, apesar de que seu uso não é consenso entre os rastafáris. Na capa de “Catch a Fireinclusive” ele é visto fumando um cigarro de maconha, e o uso espiritual da cannabis é mencionado em muitas de suas músicas.
Em julho de 1977, Marley descobriu uma ferida no dedão de seu pé direito, que ele pensou ter sofrido durante uma “pelada” de futebol. A ferida não cicatrizou e sua unha posteriormente caiu. Foi então que o diagnóstico correto foi feito: Marley na verdade sofria de uma espécie de câncer de pele, chamado melanoma maligno, que se desenvolveu sob sua unha. Um ano depois, Bob Marley ganhou a Medalha da Paz, oferecida pela ONU, como reconhecimento de sua contribuição na divulgação do pacifismo.
Os médicos o aconselharam a amputar o dedo, mas Marley recusou-se devido aos princípios rastafaris que diziam que os médicos são homens que enganam os ingênuos, fingindo ter o poder de curar. Ele também estava preocupado com o impacto da operação em sua carreira, que seria profundamente afetada no momento em que se encontrava no auge (na verdade, a preocupação de Bob Marley era quanto à amputação de qualquer parte de seu corpo, seja o dedo do pé ou suas tranças. Para os seguidores dessa religião/filosofia, não se deve cortar, aparar ou amputar qualquer parte do corpo). A doença foi mantida em segredo do grande público.
Segundo seu filho Ziggy Marley, Bob se converteu ao cristianismo antes de morrer, em 1977. Marley então passou por uma cirurgia para tentar extirpar as células cancerígenas. Ele teria descoberto muitas coisas semelhantes entre o rastafari e o cristianismo e decidido que seu corpo deveria ser cuidado. Antes de morrer, ele foi batizado na Igreja Ortodoxa da Etiópia com o nome Berhane Selassie. O próprio Ziggy ainda tenta espalhar o legado de seu pai, com ideais e raízes do rastafarianismo e do reggae, mas de um ponto de vista cristão.
O câncer espalhou-se para o seu cérebro, pulmão e estômago. Durante uma turnê no verão de 1980, numa tentativa de se consolidar no mercado norte-americano, Marley desmaiou enquanto corria no Central Park de Nova York. Isso aconteceu depois de uma série de shows na Inglaterra e no Madison Square Garden, mas a doença o impediu de continuar com a grande turnê agendada. Marley procurou ajuda, e decidiu ir para Munique, na Alemanha, para tratar-se com o controverso especialista Josef Issels por vários meses, não obtendo resultados.
Um mês antes de sua morte, Bob Marley foi premiado com a Ordem ao Mérito Jamaicana. Ele queria passar seus últimos dias em sua terra natal, mas a doença se agravou durante o vôo de volta da Alemanha e Marley teve de ser internado em Miami, EUA. Ele faleceu no hospital Cedars of Lebanon no dia 11 de maio de 1981 em Miami, Flórida, aos 36 anos. Seu funeral na Jamaica foi uma cerimônia digna de chefes de estado, com elementos combinados da Igreja Ortodoxa da Etiópia e do Rastafarianismo. Ele foi sepultado em uma capela em Nine Mile, perto de sua cidade natal, junto com sua guitarra favorita, uma Fender Stratocaster vermelha.
A música e a lenda de Bob Marley ganharam mais e mais força desde sua morte, e continuam a render grandes lucros para seus herdeiros. Também deu a ele um status mítico, similar ao de Elvis Presley e John Lennon. Marley é enormemente popular e bastante conhecido ao redor do mundo, particularmente na África e na América Latina.
Com informações de: Wikipédia.
Assista a seguir a coluna de Nelson Motta sobre Bob Marley:
E, pra finalizar, curte aí “Redemption Songs” (Sons da Redenção), a última faixa do último álbum de Bob, gravado pouco antes de sua morte:
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